Arquivo para julho \26\-03:00 2011

O Brasil tem o mais baixo encargo trabalhista entre 34 países

FIESP, Entidade patronal se atrapalha e deixa escapar: em dinheiro, o custo do trabalho no País é muito pequeno.

O Brasil tem o mais baixo valor de encargos trabalhistas entre 34 países pesquisados pelo Departamento de Estatística do Trabalho dos EUA (BLS, sigla em inglês). Em dólares, a média brasileira é de US$ 2,70 a hora, enquanto a média das outras 33 nações avaliadas é de US$ 5,80 por hora.

Essa é a conclusão mais evidente trazida por um texto publicado pelo jornal “O Estado de S. Paulo” neste final de semana. Porém, essa informação, a mais clara de toda a reportagem, vinha apenas no penúltimo parágrafo.

Estranhamente, o título deste texto era “Brasil é o número 1 em encargos trabalhistas”.

Mas o texto não consegue defender a manchete, apesar do esforço.

O Estadão afirma que, segundo compilação feita pela Fiesp a partir de dados do BLS, o peso percentual dos “custos com mão de obra na indústria de transformação brasileira” é de 32,4%, contra a média de 21,4% dos demais.

Não há maiores detalhes sobre quais são esses custos, portanto não há dados amplos sobre qual a base de comparação usada pela Fiesp.

Mas, se esses números estiverem corretos, a diferença brasileira, em dólares, para os outros países, fica ainda mais espantosa. Imaginem, se a nossa carga é percentualmente maior, mas em valores monetários é tão menor, os proventos dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiras são muito baixos em comparação com a média dos países industrializados.

Esse fato já conhecíamos, e insistimos nessa informação há muito tempo, como forma de desconstruir o falso discurso conservador de que o trabalho no Brasil é caro e tira competitividade do País. Só que não é sempre que a própria Fiesp deixa um dado como esse à mostra.

Cabe mais reparos ao texto do Estadão. O jornal elenca como “encargos” valores que, na verdade, são complemento salarial. O FGTS, a Previdência Pública e o 13º, citados na reportagem, retornam ao trabalhador – e ao mercado – como complemento salarial, na forma de poupança. Nem de longe são encargos.

Em estudo preparado pela subseção do Dieese na CUT Nacional, tomando como base dados do mesmo Departamento de Estatística dos EUA, referentes a 2008, a diferença do custo de mão de obra é ainda mais gritante. Enquanto na Alemanha é de U$36,07 a hora e nos Estados Unidos de US$ 25, 65, no Brasil a mão de obra/hora é de US$ 6,93 – o recorte do Dieese não mistura alhos com bugalhos e concentra-se na questão salário, daí a diferença e, também, uma chave para compreender a própria contradição dos números divulgados pela Fiesp.

A conjunção desses fatores e dados só reforça a impressão de que os salários no Brasil ainda são baixos. Por serem reduzidos, acabam por exigir complementos como o FGTS e o 13º e, ainda assim, a média em dólar perde de longe para os países que a Fiesp usa como referência.

E tudo a despeito de o real estar sobrevalorizado. Nem assim o valor do trabalho no Brasil chega a se aproximar da média internacional segundo o olhar BLS/Fiesp.

Sem esquecer de um dado fundamental, que precisa ser alardeado até que a elite econômica se convença de que há muito por fazer neste País e que não é retirando do trabalhador que chegaremos no ponto que queremos e desejamos: o índice GINI, usado para medir a concentração de renda, no Brasil atinge 0,56, perdendo apenas para Haiti, Bolívia e Tailândia num grupo de 14 países pesquisados. O GINI, utilizado pela ONU, é tão mais representativo de concentração de renda quanto mais próximo de um.

Se a Fiesp quer cortar custos de seus associados botando o trabalhador como réu, enfrentará novamente nossa resistência.

Petrobrás altera de forma unilateral regras para avanço de nível e promoção

Em mais uma demonstração de desrespeito à categoria petroleira e suas representações, a Petrobrás divulgou para os trabalhadores uma nova política de avanço de nível e promoção. São alterações unilaterais no Plano de Cargos feitas pela empresa, às vésperas da mobilização nacional da categoria por uma PLR transparente e sem privilégios. O objetivo dos gestores da Petrobrás é tentar desmobilizar os trabalhadores contra o surbônus. Apesar de não tratar a nova política de avanço de nível anunciada como uma reformulação do PCAC, as mudanças feitas unilateralmente pela empresa afetam, sim, o plano de cargos e reafirmam a necessidade de abertura de um novo processo de negociação com as representações sindicais. Em vários fóruns com as gerências de RH, a FUP há muito tempo vem cobrando isso, deixando claro que os trabalhadores têm propostas de melhorias para o plano de cargos.

Esta questão foi, inclusive, tratada pela FUP na reunião que teve recentemente com o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli. Os dirigentes sindicais cobraram a reformulação de algumas carreiras, aceleração da progressão salarial, redução do intervalo de tempo para o avanço automático de nível, entre outras reivindicações da categoria. As alterações propostas pela FUP e seus sindicatos para o PCAC são as mesmas que foram apresentadas durante a construção do novo plano de cargos, mas que foram rejeitadas na época pela empresa.

A nova política de distribuição de níveis e promoção anunciada pela Petrobrás, além de não ter sido discutida com as representações sindicais, concentra ainda mais poder para as gerências na avaliação do trabalhador e aumenta o grau de subjetividade do processo, o que é um retrocesso, já que a categoria conquistou no novo PCAC regras claras e objetivas, justamente para evitar que a progressão salarial seja baseada em critérios pessoais dos gerentes. Portanto, está clara a intenção dos gestores da Petrobrás de acirrar a disputa com o movimento sindical, numa tentativa de desmobilizar as lutas dos trabalhadores, principalmente no que diz respeito à PLR. Não é à toa que a empresa anunciou que irá acelerar o avanço automático de níveis para os trabalhadores situados na categoria júnior. Esses trabalhadores são justamente os que recebem o piso da PLR e, portanto, aqueles que mais motivos têm para lutar por uma melhor e mais justa distribuição dos lucros construídos pela categoria.

A hora, portanto, é de intensificar a luta e construir uma grande mobilização no dia 27, deixando claro para a Petrobrás, que com surbônus, não tem acordo. A FUP também está orientando os sindicatos a pressionarem as gerências locais para que o processo de avanço de nível e promoção seja transparente, com critérios claros e objetivos, evitando que os “amigos do rei” continuem sendo agraciados, em detrimento dos demais trabalhadores.

Nova reunião para negociação da PLR 2010

Mais uma rodada de negociação está marcada para a próxima quinta-feira, dia 14/07.  Este é sem dúvida o momento mais esperado pela categoria petroleira, porém o mais desgastante para o movimento sindical. Trocando em miúdos, ali se negocia a “Mais-Valia“, ou seja, a disparidade entre o salário que recebemos e o valor do trabalho que produzimos.

Para ilustrar o que digo, trago algumas informações úteis.

Petrobras é a 34ª maior empresa do mundo

Segundo ranking da revista Fortune

A Petrobras foi classificada como a 34ª maior empresa do mundo pelo ranking anual das 500 maiores companhias elaborado pela revista Fortune e divulgado nesta quinta-feira (7/7). Entre as sete empresas brasileiras que aparecem no ranking, a Petrobras é a mais bem posicionada, com faturamento de US$ 120,052 bilhões.

A companhia subiu 20 posições no ranking, passando do 54º lugar para 34º. O Brasil é o país latino-americano com maior representação no levantamento.

Entre as empresas que mais lucraram em 2010, a Petrobras aparece em oitavo lugar, com US$ 19,184 bilhões, que representa um crescimento de 23,7% em relação ao ano anterior.

Os Estados Unidos seguem na liderança do ranking das 500 maiores, com 133 representantes. A cadeia de supermercados norte-americana Wal-Mart foi mais uma vez classificada como a maior empresa do mundo.

O ranking da revista Fortune leva em conta critérios como receita, lucro, capital e participação dos acionistas, referentes ao exercício de 2010.
Fonte:

http://money.cnn.com/magazines/fortune/global500/2011/full_list/index.html



 

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